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"Gelotopoios em Pindorama: Os ditadores temem os humoristas

- “Humorista é preso por fazer piada na Venezuela de Chavez”.

10/06/2024 20h44
Por: Redação
FOTO/REPRODUÇÃO
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Os ditadores têm medo dos humoristas. O humorista faz rir. Ele desnuda o ditador. Os humoristas não possuem fuzis, nem metralhadoras, nem granadas, nem policia federal para mandar prender ou calar quem quer que seja. Sua arma é o riso. A piada bem feita, perfeita. Então por que os ditadores temem os humoristas?

 

É que os humoristas falam de coisas proibidas: defeitos físicos nas pessoas, tais como calvície, de barrigas pequenas e grandes, uma perna mais curta que a outra, mas falam também de racismo, de política e de políticos que assaltam os países, de cornos, sapatões, de pessoas que possuem órgãos genitais masculinos e se vestem com roupas femininas afirmando que são “mulheres trans” e por isso devem fazer xixi no mesmo banheiro que as mulheres que não são “trans”, de pessoas que são advogados de partidos políticos e se tornam supremos sem qualificações...

E ao desnudarem essas aberrações humanas, as manifestações culturais e a ideologia criada pelos que querem transformar a sociedade conforme seus ditames pessoais provocam risos. Esses discursos proibidos irritam os donos do poder que interpretam as piadas como ofensivas a eles. Ficam nus diante do povo. Sua reação é violenta: processo, prisão, condenação. Veja um exemplo ocorrido na época em que Chavez estava vivo:

Laureano Marquez é cientista político e um dos comediantes mais famosos da Venezuela. Há anos ele escreve textos críticos e bem humorados sobre a política nacional. Hugo Chavez (presidente da Venezuela) implantou no país o regime que ele chama de "socialismo do século 21". Vamos ver em que este socialismo difere de regimes ditatoriais como o da China de Mao Tse Tung e da Rússia de Stalin. 

O caso começou no final de 2005, quando Hugo Chávez disse que sua filha Rosines, de 9 anos, sugeriu que ele mudasse o escudo nacional da Venezuela. O motivo: o cavalo que aparece como símbolo do país está com a cabeça virada para o lado direito (ou para trás, na opinião de alguns venezuelanos). A menina propôs que o animal aparecesse olhando para esquerda (ou para frente, segundo essas mesmas pessoas).

Como Chávez disse em seu discurso que aceitou a sugestão da filha, muitos críticos reclamaram dos gastos que seriam necessários para adaptar bandeiras, flâmulas e documentos oficiais da Venezuela em todo o país – até mesmo nas capas dos passaportes.

Laureano então escreveu um texto intitulado "Querida Rosines", no qual, em tom carinhoso, sugere que a menina peça para seu pai, Chávez, que, em vez de um cavalo, ele coloque como símbolo da Venezuela um cachorro da raça golden retriever. "Ou uma tartaruga, um bom emblema para a nossa lentidão para tudo", escreveu o comediante.

Laureano também pede, entre outras coisas, que Rosines interceda no comportamento repetitivo do pai: "Diga ao seu pai que pare de falar das coisas que pretende fazer depois de 2021. Ele sempre fala de 2021. Todos sabemos que ele vai ficar no cargo até essa data, mas não deveria repetir isso a toda hora. Porque quem não concorda com isso acaba ficando muito desanimado”.

Laureano foi preso e o jornal “Tal Cual”, onde trabalha, foram condenados a pagar quase US$ 20 mil. Além disso, uma decisão de um órgão paralelo à Justiça impôs uma outra punição que proíbe tanto o comediante quanto o diário de fazer qualquer menção à filha de Chávez e à sua família.

Rezemos senhores para que algo de bom possa mudar este panorama sombrio. (Humorista é condenado por fazer piada na Venezuela de Chávez - fonte: Agência G1 - 24/02/2007 - Steve Rogers).

Pois não é que o panorama sombrio previsto pelo jornalista Steve Rogers, em 2007, estendeu e cravou suas garras afiadas, impiedosamente, em Pindorama. Eis o exemplo repetido do “socialismo do século 21” neste ano de 2024:

“STF aceita ação penal contra Moro por piada de “prisão” de festa junina”.“Por unanimidade, a Primeira Turma do STF aceitou nesta terça-feira, 4, o pedido de abertura de ação penal feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador e ex-juiz Sergio Moro por alegadas ofensas ao ministro Gilmar Mendes, após o parlamentar ter feito uma piada privada vazada por terceiros, no contexto inicialmente omitido de brincadeira de prisão em barraquinha de festa junina”.

Em abril do ano passado, o órgão se baseou na divulgação de um corte de vídeo de poucos segundos em que Moro fala, em tom de chacota, que iria “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”. Segundo Felipe Moura, do site o Antagonista, no evento em que estava Sergio Moro, brincava-se sobre “cadeia” em festa junina na qual paga-se uma prenda para sair (atenção: não é crime pagar ou receber nesse caso). E Moro explicava a esposa em tom de brincadeira, antes de se dirigir a barraquinha que iria “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”.

O caso aconteceu em 2022, mas os “Supremos” de Pindorama se sentiram ofendidos e tacaram latinório com intuito de punir Sergio Moro. Disse Carmem Lucia fantasiada de BatGirl:

  • “A alegação do denunciado de que sua fala teria sido proferida em festa junina, em contexto de brincadeira, não autoriza a ofensa a honra de magistrado. Muito menos por razões óbvias, não pode servir de justificativa para prática do crime de calúnia cujo bem juridicamente tutelado é a honra”.

Em sua defesa disse Moro:

 “A não ser que a PGR queira dizer que acusei o Min. Gilmar de “vender” “habeas corpus contra ‘prisão” de festa junina, penso que a denúncia é absurda”.

Indignado e rodopiando sua capa preta estilo Batman, o ex-ministro de Lula, ex-governador do Maranhão, que conseguiu a proeza de tornar o estado mais pobre da federação ainda mais miserável, segundo a revista Oeste, na reportagem “Confirmado para o STF, Dino deixou o Maranhão na miséria”, tornou-se senador e por tudo isso hoje é “Supremo”, meteu sua colher na festa junina de Moro e afirmou do alto de sua “infinita sabedoria”:

 “Envergar uma toga, qualquer uma que seja ela, é uma responsabilidade elevada de mantê-la como a Constituição determina. Mantê-la como sinal de reputação ilibada. E um magistrado que se corrompe, um magistrado que eventualmente possa lamentavelmente vender uma decisão é obviamente, absolutamente, com a função judicante. Uma coisa é dizer que o magistrado é desprovido de conhecimento jurídico; outra coisa é dizer que esse magistrado traia a toga. Ao vender a sentença, ele vende a toga”.

As palavras de Dino soam como piada de humor negro, depois de tudo o que ele fez ao Maranhão quando envergou a toga de governador.

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